domingo, 22 de março de 2009

Como vejo o Mundo?

Como vejo o Mundo? É esta a pergunta que me colocam, como se a resposta fosse exacta e simples. Não é!

A visão que temos do Mundo varia, varia não só de olhos para olhos, mas também de dia para dia. Definitivamente há alturas em que tudo para mim é brilhante e sedutor, nesses momentos o "tudo" encontra-se decerto encoberto por um negro véu pintalgado por brilhantes esplendorosos, o qual me esconde a dura realidade que caracteriza o Mundo, e ao mesmo tempo concede-me alturas de pura felicidade inocente e ingénua. No entanto, nem só de alegrias vive o homem e é com muita mágoa que assisto à descida do véu que me cega, e aí recupero a visão, infelizmente aquilo que vejo não tem sentido: pessoas que se traem e me traem, costas que se voltam, palavras oportunistas, armas de fogo, choros incansáveis, olhares impávidos perante tamanha destruição,... Vou ser muito honesta, há alturas da vida em que não gosto de ver com os olhos da compreensão, prefiro ver somente o superficial, todas as mentiras que se assemelham a verdade e parecem verdades realmente. Mas que posso fazer? Mudar o Mundo e tudo aquilo em que se transformou, um vasto deserto repleto de carcaças ensanguentadas? Queria muito, mas é impossível, muitos tentaram, acabaram por ser assassinados e não alcançar o seu objectivo primordial.

Oh! Mundinhos infame e pestilento em que me inseriram à força, agora percebo porque nasci depois do tempo e com mais probabilidades de morte do que de sobrevivência! Diz-me, qual é a criança que, na posse das suas faculdades mentais, decide abandonar o quente e acolhedor útero da progenitora e atirar-se a uma Mundo detestável? Porque é assim que eu o vejo, negro, competitivo.

Por mais felizes que sejamos, por mais ricos, mais perfeitos, o Mundo não é assim, tirem essa venda e vejam-no, vejam-no em toda a sua magnitude mortiça. Vejam-no brutal, sangrento e indecente. Um Mundo impróprio que tem de ser mudado!

Verónica Fraga

11 comentários:

Prof.ª Diana Tavares disse...

Se eu sou uma artista, que direi eu de ti?

Texto lindo! Magnifico! =)
Adoro-te =)
Beijinhos Pimenta

Anónimo disse...

O sangue derramado em vosso mundo é metafórico, o sangue derramado em meu mundo é real e vem acompanhado de tripas. Não reclamem de barriga cheia!

Vosso mundo é um mar de rosas onde a única coisa que torna tudo triste é a falta do Sol.
Aqui não falta Sol, mas sobra falta de respeito, violência, sangue, humilhação, degradação, desespero.

A diferença do meu mundo para o vosso mundo é que mantemos a esperança de um dia melhor e lutamos sem nos questionar o porque.

Sandra disse...

Texto realmente LINDO! :DD

mas muitas vezes mais vale não ver o mundo como ele realmente é.

Beijo*

Sandra :)

Marcos Pontes disse...

Encontrei neste blog (http://aprenderaviverjuntos.blogspot.com/search?q=+cheiro+de+almo%C3%A7o) um poema meu, mas apenas como "escrito por Marcos". Lamento que vocês, que gostam tanto de poesia e bons escritos, não dêem a referência completa sobre os autores dos textos colhidos por vocês. Gostaria que dissessem meu nome completo e o blog de onde foi retirado.
Grato.

Anónimo disse...

Ficou ofendida? Então mete processo, cabeção dos infernos!

Anónimo disse...

Grande texto veronica:) <3

Prof.ª Diana Tavares disse...

Caro Senhor ou Senhora anónimo.... Muito honestamente o que é que o Senhor sabe da minha vida e do sangue que escorre por ela? Como sabe se esse sangue é metafórico ou real? quem não lhe diz que esse sangue não vem acompanhado das mais imundas vísceras? O que sabe da minha dor ou da dor dos que me rodeiam? Tenho muita pena que sofra, mas não é motivo para atacar dessa maneira a minha forma de ver as coisas, obrigada por ter dado a sua opinião, a única coisa que estragou um pouco foi o facto de afirmar que somos todos felizes excepto o senhor! Por acaso anda-me a espiar?

E se leu o meu texto com atenção deve ter reparado que o meu asco pelo Mundo não surgiu devido ao meu sofrimento (porque, numa coisa tem razão, eu sou feliz, por mais dolorosa que seja a vida, não deixo que ela me abata, eu sou forte, eu luto, mas quando luto questiono-me, porque uma vida sem porquês e respostas não é vida para ninguém), a razão para não gostar do mundo que piso é o sofrimento dos outros, acho que é um direito meu amargurar-me face a todo o preconceito, a toda a dor, a toda a descriminação que existe à minha volta, eu sofro pelos outros visto que não tenho razões para sofrer (as razões que tenho diluem-se quando ligo a televisão e deparo-me com as crianças africanas a suplicarem por migalhas).

Espero, sinceramete, que a sua vida e a dos seus dê uma volta de 360º, porque ninguém merece sofrer.

Mas devo dizer, apesar de tudo, que adorei o seu comentário, muito emotivo, muito bem escrito, obra de alguém extremamente inteligente.

Cumprimentos Verónica*

P.S. - foi o senhor/a que escreveu: "Ficou ofendida? Então mete processo, cabeção dos infernos!" se esse comentário foi escrito por si e dirigido a mim então respondo-lhe que não fiquei minimamente ofendida, e que é deplorável o facto de um inocente blog ter dado azo a tamanhos insultos, caso não tenha sido escrito por si, peço desulpa por ter julgado que sim.

Anónimo disse...

Hahaha, realmente você me entendeu muito mal, A segunda mensagem foi pro Marcos Pontes, pois ele se sentiu "ofendida" por não terem colocado o nome inteiro dele num poema escrito aqui no Blog.

Quanto a primeira mensagem, não disse que todos aí são felizes, eu já estive aí e sei o que é isso. Só disse que vocês não sabem o que é dor de verdade. Vossa dor está relacionada muito mais com o clima frio e depressivo que leva a demais problemas emotivos ou sociais.

Dor de verdade é ver a violência do meu País aumentar cada vez mais graças aos Europeus que amam as drogas. Sabe quanto vale 1 vida aqui? 1kg de marijuana...

Em vosso mundo se pode andar na rua sem se preocupar de ser roubado, pode se ter casas sem muros, camêras e cerca elétricas, pode se ter carros sem insulfilm, pode se viver sem sentir o cheiro da violência.

Por mais triste e depressivo que seja vosso mundo, há algo chamado Paz, e isso não tem preço.

Anónimo disse...

Mais uma coisa, eu não estou espiando ninguém, vi o blog em um lugar, acessei, gostei do que vi e passei a ler.

Só comentei porque achei revoltante ver como vocês conseguem ser tão tristes. Vocês tem casa, família, estudo, amigos...enfim, muitos gostariam de ter isso.

O melhor remédio para a tristeza é dar risada. Riam pra não chorar. Rir do própio sofrimento faz tudo parecer muito mais simples.
Pensem nisso...

Prof.ª Diana Tavares disse...

Peço desculpa por ter pensado que o comentário ao "Excelentíssimo Marcos Pontes" tinha sido para mim =) e concordo plenamente com a mensagem que lhe dirigiu.

Desculpe por ter entendido mal o seu comentário, mas pensei mesmo que nos estava (a mim e aos meus colegas) a achar insensíveis face aos problemas que existem em muitas partes do Mundo. O meu texto, aliás, era sobre esses problemas apenas, porque o Senhor tem toda a razão quando diz que não temos razões para sofrer (pelo menos alguns de nós, porque aqui também há violência, raptos, roubos, droga, insegurança, só que numa proporção menor, mas acredite que o nosso país está-se a aproximar do país que eu penso que seja o seu).

Adorei a sua última mensagem sobre as "risadas", de certeza que muitos dos meus amigos ao ler o que escreveu acabarão por abrir os olhos e começar a sorrir, há tanta gente em situações tremendamente piores do que as nossas, situações que não têm comparação alguma, é preciso olhar para esses e depois para nós, para os nossos amigos, para a nossa casa, familiares... é preciso analisar bem, só a partir desse instante é que veremos a sorte que tivems ao nascer!

Espero que continue a visitar e a comentar o nosso blog, de certeza que a sua contribuição encherá os meus amigos, e a mim também, com um pouco de felicidade, porque toda a gente precisa de dar uma boa risada!

Obrigada, Verónica*

Prof.ª Diana Tavares disse...

O senhor do texto anónimo tem razão!
Queixamo-nos de coisas insignificantes, e nem sabemos realmente o que é dor e sofrimento...

Pimenta