O Mundo gira em torno da diferença, melhor, o Mundo gira devido à diferença. É naturalíssimo assistirmos a opiniões ou pontos de vista distintos, é naturalíssimo ocorrerem discussões devido a essa distinção, é algo que faz parte do ser humano e torna a sua vida entusiasmante. Analisemos então a filosofia, uma disciplina de distinções, de diferenças, de pensamentos opostos que se encontram e argumentam, acabando por se chegar à conclusão de que ambos estavam certos. Sendo assim, filósofos são pessoas inteligentes, livres de raciocinar e prontas para defender as suas teorias, com as quais podemos, ou não, concordar.
Após esta introdução, passo para aquilo que pretendo discutir, as ideias distintas de Kant e David Hume relativamente ao conhecimento:
David Hume era um filósofo do séc. XVIII, o famoso século das luzes e dos iluminados, do conhecimento. Apesar disso, Hume não tinha propriamente muita fé na capacidade de conhecer do Homem. Para este senhor, ao qual não posso negar genialidade, o ser humano estava impossibilitado de conhecer tudo o que ultrapassasse a experiência sensível: Deus, alma, mundo espiritual,… não são realidades acessíveis ao conhecimento humano, acabando por nem sequer ser possível afirmar a sua existência, a esta crença dá-se o nome de cepticismo metafísico. Aliado a tal ideia, o famoso filósofo rechonchudo e anafado (não é minha intenção ofendê-lo), acreditava também, e isto já fora do âmbito espiritual, no facto de nos ser interdito um conhecimento rigoroso, ninguém pode afirmar que um juízo é verdadeiro ou falso, apenas podemos considerá-lo provável ou improvável. Visto isto, não é preciso muito para se chegar à conclusão de que David Hume defendia o empirismo e a ideia de que apenas conhecemos aquilo com que contactamos. A experiência é a origem do conhecimento, nada provém da razão, como pregava Descartes, o nosso conhecimento, o qual é escasso, provém da experiência, das impressões.
Do meu ponto de vista é impossível refutar algumas das crenças que este homem alimentava no seu intelecto, por exemplo, acredito piamente na impossibilidade de conhecer o Mundo espiritual, é algo transcendente, podemos acreditar nele, considerá-lo provável, mas conhecê-lo, conhecê-lo na verdadeira acepção da palavra é incredível, pelo menos enquanto o nosso sangue continuar a ser bombeado por um coração incansável. Também concordo com o cepticismo mitigado, nada pode ser visto como totalmente certo, porque cada um tem a sua visão distinta do que o rodeia, cada um tem ideais e valores diferentes, o que acabará por influenciar o modo como conhecemos, logo, se olharmos para algo e proclamarmos enfaticamente a sua beleza, outros bem podem olhar para o mesmo objecto e considerá-lo obsoleto, hediondo e asqueroso, deste modo, em vez de dizermos: “isto é assim!”, devemos dizer “isto é possível que seja assim!”.
Agora, obviamente que existe um ponto que não consigo, nem posso, defender. Divido muitas crenças com este Senhor, mas esta não é uma delas. Desde quando é que a Razão não tem um papel importante no processo de conhecer? Desde quando o Homem conhece apenas através da experiência sensível? Mas seremos todos uns cavalos com palas nos olhos?
Peço desde já, desculpa ao pobre Senhor que apenas apresentava os seus pontos de vista, e espero que não regresse dos mortos com o intuito de se vingar, mas é o que eu penso meu caro filósofo que, no fundo, muito admiro. Quando a ideia empirista lhe surgiu no espírito devia estar embriagado. Vamos todos conhecer limitando-nos a olhar e a assimilar as formas, as texturas, as cores? E agora pergunto-lhe como vai associar estas ideias, para que depois possa reconhecer o objecto quando o voltar a ver, ou então associar esse objecto a outros e assim fazer comparações ou definir gostos (desculpe, muito provavelmente o Senhor Hume não tinha gostos próprios, e quando revia um objecto nem sequer se recordava dele, que cabeça a minha, já deveria ter chegado a essa conclusão)?
A esta questão respondeu o poderoso Kant: “Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que ele derive da experiência.”. Esta é a resposta. Sim, é certo que durante a sua fase de embriaguez, ainda restava uma pitada de sobriedade na mente de Hume quando tentou incutir o empirismo em espíritos mais fracos e cegos, porque, tal como Kant disse, o conhecimento tem início com a experiência, para conhecer é preciso contactar, é imperativo que o objecto nos tenha suscitado alguma impressão, no entanto o conhecimento não deriva da experiência, para conhecer realmente, é necessário raciocinar todos as sensações enviadas em separado até ao nosso cérebro, agregá-las numa só imagem e então, só aí, podemos gritar: “Eu conheço (pelo menos até um certo ponto)”. A esta crença dá-se o nome de apriorismo, teoria criada por Kant, o qual não se ficou por findar com as disputas entre racionalistas e empiristas juntando as suas ideias numa só, fez muito mais do que isso.
Num acesso abismal de genialidade peculiar, Kant “deu vida” ao criticismo, teoria filosófica que se opunha ao dogmatismo e assimilava alguma essência do cepticismo. O criticismo aventa que apenas podemos conhecer o que nos “aparece” (o fenómeno), mas mesmo o que nos aparece deve ser criticado e investigado. Por outro lado a realidade em si mesma, ou seja, o númeno, é apenas pensado.
Concluindo, depois de uma análise meticulosa de ambas as teorias, chego à conclusão de que não consigo discordar totalmente de Hume, concedendo-lhe algum mérito, no entanto, é “intragável” a ideia de me opor ao glorioso Kant, logo, relativamente a estes dois senhores, só posso dizer que o ponto de vista de Hume e as suas crenças nada são comparativamente com os acessos de inteligência que caracterizam Kant.
Termino assim este texto e aceito as ideias de qualquer um que venha contrapor a minha teoria.
Após esta introdução, passo para aquilo que pretendo discutir, as ideias distintas de Kant e David Hume relativamente ao conhecimento:
David Hume era um filósofo do séc. XVIII, o famoso século das luzes e dos iluminados, do conhecimento. Apesar disso, Hume não tinha propriamente muita fé na capacidade de conhecer do Homem. Para este senhor, ao qual não posso negar genialidade, o ser humano estava impossibilitado de conhecer tudo o que ultrapassasse a experiência sensível: Deus, alma, mundo espiritual,… não são realidades acessíveis ao conhecimento humano, acabando por nem sequer ser possível afirmar a sua existência, a esta crença dá-se o nome de cepticismo metafísico. Aliado a tal ideia, o famoso filósofo rechonchudo e anafado (não é minha intenção ofendê-lo), acreditava também, e isto já fora do âmbito espiritual, no facto de nos ser interdito um conhecimento rigoroso, ninguém pode afirmar que um juízo é verdadeiro ou falso, apenas podemos considerá-lo provável ou improvável. Visto isto, não é preciso muito para se chegar à conclusão de que David Hume defendia o empirismo e a ideia de que apenas conhecemos aquilo com que contactamos. A experiência é a origem do conhecimento, nada provém da razão, como pregava Descartes, o nosso conhecimento, o qual é escasso, provém da experiência, das impressões.
Do meu ponto de vista é impossível refutar algumas das crenças que este homem alimentava no seu intelecto, por exemplo, acredito piamente na impossibilidade de conhecer o Mundo espiritual, é algo transcendente, podemos acreditar nele, considerá-lo provável, mas conhecê-lo, conhecê-lo na verdadeira acepção da palavra é incredível, pelo menos enquanto o nosso sangue continuar a ser bombeado por um coração incansável. Também concordo com o cepticismo mitigado, nada pode ser visto como totalmente certo, porque cada um tem a sua visão distinta do que o rodeia, cada um tem ideais e valores diferentes, o que acabará por influenciar o modo como conhecemos, logo, se olharmos para algo e proclamarmos enfaticamente a sua beleza, outros bem podem olhar para o mesmo objecto e considerá-lo obsoleto, hediondo e asqueroso, deste modo, em vez de dizermos: “isto é assim!”, devemos dizer “isto é possível que seja assim!”.
Agora, obviamente que existe um ponto que não consigo, nem posso, defender. Divido muitas crenças com este Senhor, mas esta não é uma delas. Desde quando é que a Razão não tem um papel importante no processo de conhecer? Desde quando o Homem conhece apenas através da experiência sensível? Mas seremos todos uns cavalos com palas nos olhos?
Peço desde já, desculpa ao pobre Senhor que apenas apresentava os seus pontos de vista, e espero que não regresse dos mortos com o intuito de se vingar, mas é o que eu penso meu caro filósofo que, no fundo, muito admiro. Quando a ideia empirista lhe surgiu no espírito devia estar embriagado. Vamos todos conhecer limitando-nos a olhar e a assimilar as formas, as texturas, as cores? E agora pergunto-lhe como vai associar estas ideias, para que depois possa reconhecer o objecto quando o voltar a ver, ou então associar esse objecto a outros e assim fazer comparações ou definir gostos (desculpe, muito provavelmente o Senhor Hume não tinha gostos próprios, e quando revia um objecto nem sequer se recordava dele, que cabeça a minha, já deveria ter chegado a essa conclusão)?
A esta questão respondeu o poderoso Kant: “Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que ele derive da experiência.”. Esta é a resposta. Sim, é certo que durante a sua fase de embriaguez, ainda restava uma pitada de sobriedade na mente de Hume quando tentou incutir o empirismo em espíritos mais fracos e cegos, porque, tal como Kant disse, o conhecimento tem início com a experiência, para conhecer é preciso contactar, é imperativo que o objecto nos tenha suscitado alguma impressão, no entanto o conhecimento não deriva da experiência, para conhecer realmente, é necessário raciocinar todos as sensações enviadas em separado até ao nosso cérebro, agregá-las numa só imagem e então, só aí, podemos gritar: “Eu conheço (pelo menos até um certo ponto)”. A esta crença dá-se o nome de apriorismo, teoria criada por Kant, o qual não se ficou por findar com as disputas entre racionalistas e empiristas juntando as suas ideias numa só, fez muito mais do que isso.
Num acesso abismal de genialidade peculiar, Kant “deu vida” ao criticismo, teoria filosófica que se opunha ao dogmatismo e assimilava alguma essência do cepticismo. O criticismo aventa que apenas podemos conhecer o que nos “aparece” (o fenómeno), mas mesmo o que nos aparece deve ser criticado e investigado. Por outro lado a realidade em si mesma, ou seja, o númeno, é apenas pensado.
Concluindo, depois de uma análise meticulosa de ambas as teorias, chego à conclusão de que não consigo discordar totalmente de Hume, concedendo-lhe algum mérito, no entanto, é “intragável” a ideia de me opor ao glorioso Kant, logo, relativamente a estes dois senhores, só posso dizer que o ponto de vista de Hume e as suas crenças nada são comparativamente com os acessos de inteligência que caracterizam Kant.
Termino assim este texto e aceito as ideias de qualquer um que venha contrapor a minha teoria.
Verónica Fraga
4 comentários:
Absurdamente tendencioso. Na filosofia se analisa, nao se julga.
Seu comentário mais parece de um leigo, que propriamente a de um aspirante à filósofo. Sua ironia contra as ideias de Hume soa num tom bem descuidadoso e inconsequente.
Meu amigo, as ideias de Kant só surgiram depois que ele tomou contato com as de Hume. E isso ele mesmo declarou ao confessar que só conseguiu desenvolver seu criticismo após as inspirações que recebeu de David Hume. Claro que depois ele começou a se afastar e a criticar alguns pontos das ideias de Hume, mas foi altamente contraditório porque seu livro, "A Crítica da Razão Pura", teve de ser escrito duas vezes, a segunda, afastando-se em vários pontos da primeira, que ele mesmo reconheceu ser de difícil leitura e que talvez por isso não teve a aprovação acadêmica nem sucesso literário.Ocorre que Kant, ao despeito de sua genialidade, é um filósofo com textos de leitura pesada e difícil, ao contrário das de Hume, leves, simples e intuitivas.
Portanto, as comparações são válida e até necessárias, mas os juízos sobre Hume estão equivocados. As opiniões entre os filósofos que lhes sucederam se dividem.Confira!
(Ivo S. G. Reis, estudante de filosofiA, UFMS)
Meu amigo, as ideias de Kant só surgiram depois que ele tomou contato com as de Hume. E isso ele mesmo declarou ao confessar que só conseguiu desenvolver seu criticismo após as inspirações que recebeu de David Hume. Claro que depois ele começou a se afastar e a criticar alguns pontos das ideias de Hume, mas foi altamente contraditório porque seu livro, "A Crítica da Razão Pura", teve de ser escrito duas vezes, a segunda, afastando-se em vários pontos da primeira, que ele mesmo reconheceu ser de difícil leitura e que talvez por isso não teve a aprovação acadêmica nem sucesso literário. Ocorre que Kant, ao despeito de sua genialidade, é um filósofo com textos de leitura pesada e difícil, ao contrário das de Hume, leves, simples e intuitivas.
Portanto, as comparações são válidas e até necessárias, mas os juízos sobre Hume estão equivocados. As opiniões entre os filósofos que lhes sucederam se dividem.Confira!
(Ivo S. G. Reis, estudante de filosofia, UFMS)
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