Trago no sangue o mistério
Daquele resto de estrada
Que não andei...
E era talvez ali
Que eu ia ser feliz...
Ali
Que viriam as Fadas p’ra contar-me
Os contos lindos de Princesas
E de Palácios
E de Florestas
Que ficaram por contar,
Ali que havia de abrir-se
O tal jardim
Com flores que nunca morrem
Ou, se morrem, há-de ser
Na pujança da frescura
Por medo de envelhecer…
Mas não passei além daquela curva...
O meu alento
Já dobrou e desistiu.
E eu sei também que há glória que me chama
E que tudo que digo aqui ou faço,
É só arremedar, adivinhar,
O que, pra lá da curva que não passo
Havia de fazer ou de dizer!
E eu sei tão bem Que sem tomar nas mãos a
Glória apetecida
Me não contento!...
Por que é que tu és só pressentimento,
Minha vida?!
Sebastião da Gama, Versos quase tristes, in Serra Mãe, Ed Ática Lisboa 1991 (6ª), 92-93
1 comentário:
Espero um dia encontrar o meu jardim:)
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