sábado, 2 de maio de 2009

Ruinas


E é triste ver assim ir desfolhando,

Vê-las levadas na amplidão do ar,

As ilusões que andámos levantando

Sobre o peito das mães, o eterno altar. ~





Nem sabe a gente já como, nem quando,

Há-de a nossa alma um dia descansar!

Que as almas vão perdidas, vão boiando

Nesta corrente eléctrica do mar!...





Ó ciência, minha amante, ó sonho belo!

És fria como a folha dum cutelo...

Nunca o teu lábio conheceu piedade!





Mas caia embora o velho paraíso,

Caia a fé, caia Deus! sendo preciso,

Em nome do Direito e da Verdade.


(...)


Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias'



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